sexta-feira, 9 de julho de 2010
Instante
Quadro: Jackson Pollock, 1912 - 1956
Number 7, 1951, 1951
Deitada em seu leito de morte, tinha em si a capacidade de acalentar o mundo, silênciar a dor de tantos peitos, de tantas perdas, de tantas mortes que não eram suas.
Quando menina, pensara por muito tempo não ter talento para o amor, quanta ironia.
Exalava amor.
Se esforçará tanto pelo bom, pelo justo, esquecerá de entrar em contato com a dor,
esvairiu-se de si. Ficou longe, distante. Não abraçou o mundo.
Deitada em seu leito de morte, trazia a responsabilidade do mundo pra si, como um demi-deus, que regia caminhos. Quanta bobagem! ela podia dizer em sua ultimas palavras. Preferiu silênciar o instante, o único instante que perseguiu e se distanciara a vida toda.
O instante em que poderia estar consigo mesmo, com sua verdade, com sua vida e sua morte.
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A dor de existir e se percebe só. Tão difícil perceber que dentro de uma vida há tanta morte e ainda estar vivo.
E eu ainda vejo tanta beleza e delicadeza no mundo.
O tiro passou-me ao lado.
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